Spoiler: café especial não é só Arábica. E tá tudo bem você ainda não saber disso.
Muita gente ainda acredita que cafés da espécie Arábica são os únicos que podem ser considerados especiais. Mas o que poucos sabem é que o Robusta e o Conilon — variedades da espécie Coffea canephora — também têm grande potencial para serem classificados como cafés especiais, desde que atendam aos exigentes critérios de qualidade. E eles estão conquistando cada vez mais espaço no mercado de cafés de qualidade.
Tradicionalmente, o Arábica tem sido o grande protagonista dos cafés especiais, mas a Coffea canephora — com os inúmeros clones de Robusta e Conilon — vem quebrando paradigmas. Canephoras especiais estão sendo produzidos no Brasil com técnicas inovadoras de cultivo e fermentação, resultando em perfis sensoriais surpreendentes e encantadores. Não é à toa que essas variedades vêm ganhando destaque no mundo dos cafés especiais.
Neste post, vamos te explicar tudo o que você precisa saber sobre esse universo, incluindo:
• A diferença entre Arábica, Robusta e Conilon
• Como um café é classificado como especial
• Por que os Canephoras estão ganhando espaço no mundo dos cafés de qualidade
Se você é apaixonado por café ou quer entender mais sobre esse mercado em expansão, continue lendo. Você vai se surpreender com o que está por trás dessas variedades!
Espécies e variedades: o que você precisa saber
Arábica: a estrela dos cafés especiais
Coffea arabica, ou simplesmente Arábica, é a espécie de café mais cultivada no mundo e a mais associada ao universo dos cafés especiais. Dentro dessa espécie, existem diversas variedades — ou seja, diferentes tipos de plantas com características únicas que influenciam o sabor, o aroma e a acidez do café.
Algumas das variedades de Arábica mais conhecidas incluem:
• Catuaí
• Bourbon
• Geisha
• Mundo Novo
Essas variedades podem apresentar perfis sensoriais muito distintos, influenciados por fatores como clima, altitude e métodos de processamento. Essa diversidade é o que torna o Arábica tão fascinante para os amantes do café.
Canephora: a nova fronteira dos cafés especiais
O que muita gente não sabe é que a Coffea canephora — que inclui Robusta e Conilon — também tem seu espaço no universo dos cafés especiais. Embora historicamente vistos como menos refinados,porque não adotavam práticas de colheita e pós-colheita cuidadosas, esses cafés vêm se mostrando excelentes alternativas para quem busca novidades e sabores intensos.
Robusta: variedade de Canephora conhecida por seu sabor mais intenso, com notas de chocolate amargo, especiarias e um corpo denso. Contém quase o dobro de cafeína em relação ao Arábica.
Conilon: também uma variedade de Canephora, é amplamente cultivado no Brasil. Quando bem manejado, pode apresentar notas sensoriais frutadas e até florais, desafiando os estereótipos.
Por que Robusta e Conilon podem ser especiais?
Para que um café seja considerado especial, ele precisa atender a critérios rigorosos de qualidade relacionados a sabor, aroma, acidez, corpo e outros atributos. A classificação como café especial não depende da espécie, mas sim da excelência do grão e dos processos envolvidos na sua produção.
Hoje, diversos produtores de Canephora (tanto Robusta quanto Conilon) vêm adotando práticas avançadas, como fermentações controladas, rastreabilidade e secagens cuidadosas. O resultado são cafés com perfis sensoriais refinados.
Como um café é classificado como especial?
A classificação é feita por provadores certificados que utilizam um sistema de pontuação. Para ser considerado especial, o café deve atingir no mínimo 80 pontos (em uma escala de 0 a 100), seguindo o protocolo de avaliação da Specialty Coffee Association - SCA.
São avaliados, entre outros, atributos como:
• Sabor: equilíbrio, doçura, acidez e amargor
• Aroma: intensidade e complexidade aromática
• Corpo: sensação de peso e textura na boca
• Finalização: retrogosto e persistência das notas
• Acidez: frescor e vivacidade do sabor
Para cafés Arábica, a avaliação é feita por um Q-Grader, certificado pela Specialty Coffee Association. Já para cafés Canephora, a análise é conduzida por um R-Grader, especializado na espécie. Ambos os protocolos agora estão passando por modifficações com a chegada de uma nova metodologia chamada - CVA - Coffee Value Assessment.
Esse processo assegura que apenas cafés com qualidade excepcional sejam reconhecidos como especiais — independentemente da espécie.
Por que os Canephoras estão ganhando espaço?
A valorização dos Canephoras no mercado de cafés de qualidade vem crescendo graças a vários fatores:
• Cafés de terroir: Assim como o Arábica, o Canephora pode expressar as características únicas de seu local de origem. Regiões do Brasil já estão produzindo Canephoras especiais com perfis marcantes. Os Robustas Amazônicos e os Conilons Capixabas vêm recebendo elegios.
• Inovações no cultivo: O uso de colheita seletiva, fermentações controladas e técnicas agrícolas modernas tem elevado significativamente a qualidade dos Canephoras.
• Sustentabilidade: Robusta e Conilon são mais resistentes a doenças e condições climáticas adversas, oferecendo maior viabilidade em tempos de mudanças climáticas.
• Alto teor de cafeína: Ideal para quem busca um café mais energético, os Canephoras contêm muito mais cafeína do que os Arábicas.
Conclusão: Café especial é sobre qualidade, não sobre espécie
A Verena Café está selecionando um Canephora especial da safra 25/26, atentos ao movimento crescente de pequenos produtores brasileiros que vêm fazendo um trabalho extraordinário com Robustas e Conilons. Esses cafés, com rastreabilidade, fermentações inovadoras e muito cuidado, estão mostrando que o futuro do café especial inclui, sim, Arábica, Robusta e Conilon de alta qualidade.
Café especial é a história por trás do grão, é o cuidado de quem cultiva, é a dedicação em cada torra. Não importa se é Arábica ou Canephora — o que importa é o compromisso com a qualidade em cada etapa.
Aqui na Verena, cada grão tem uma jornada. E agora que você chegou até o fim do texto, que tal começar a sua?